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Qual o seu garfo favorito?

Pela nossa querida Valéria Chociai


"Não coma a vida com garfo e faca,

lambuze-se.”

Roberto Shinyashiki


Vamos começar pelo mais super, hiper, mega, master, blaster legal: agora tenho ilustração personalizada para abrir cada texto meu aqui no blog... vocês gostaram?

Eu sou super fã das ilustrações da Fernanda Campos, da Confeitaria de Convites.

Fiquei mega honrada quando ela resolveu aderir a esse projeto como ilustradora oficial... principalmente porque ela sabe capturar como ninguém a alma da minha filhota de 4 patas, a Maria Mole.

Bom, algumas das pessoas que leram meu último post, sobre meu estilo de viajar, ficaram intrigadas com uma coisa... então resolvi escrever esse novo texto em resposta coletiva... e também porque acho ser um ponto de vista interessante...

A pergunta era mais ou menos a mesma: mas você faz seus roteiros super específicos e personalizados... e aí?

Você segue eles à risca?

R.: Não.

Você não se deixa levar pelas descobertas que faz no meio do caminho?

R.: Sim.

Meus roteiros me conduzem passo-a-passo, dia-a-dia, pelo melhor que há em cada destino... mas preciso confessar que deixar o roteiro de lado, de vez em quando, faz muito bem à pele... ou, no caso, às memórias de viagem.

Ítalo Calvino costumava dizer

que viajar pode representar uma mudança

na maneira de observar o mundo,

um ponto de interrogação em nossas vidas

(... )

É escolher um destino e se deixar levar.

É ir além do guia de viagens,

é chegar ao deslumbramento.

Trecho do livro “Perdidos na Toscana” de Affonso Romano de Sant'Anna

Hoje quero dividir com você uma das muitas surpresas que tive viajando... e qual o meu garfo favorito.

Você não tem um garfo favorito?

Eu tenho!

É uma dessas muitas pequenas (ou grandes) coisas que não estavam planejadas, mas que me marcaram profundamente... achar meu garfo favorito... louco, né?

Nosso destino principal era a França, bem na fronteira com a Suíça – minha mãe queria subir o Mont Blanc e eu, filha babona, fiquei mais do que feliz em realizar esse sonho dela... mas, claro, por que não realizar um sonho meu também?

Isso só custaria uma passagem nem sei quantos mil reais mais cara e um desvio de 3 horas e meia de carro no roteiro... coisa pouca em nome de um sonho, não?

Assim sendo pousamos em Zurich, lar dos chocolates da família Sprüngli.


Imagem do site da própria Confiserie.

Nunca ouviu falar?

Basta dizer que os Sprüngli são sócios dos Lindt... mas os Sprüngli mantêm suas lojas próprias mais “artesanais” enquanto o “negócio Lindt” se tornou esse gigante industrial maravilhoso que conhecemos... agora... se industrial já é bom, imagine artesanal!

Pois é... eu fiz esse nó no roteiro por causa de chocolate... se você não tinha entendido ainda a minha relação com comida, acho que agora talvez comece a ficar um tiquinho mais claro... e nem venha tentar me convencer de que não é T-O-T-A-L-M-E-N-T-E válido fazer o que eu fiz porque vamos virar inimigos mortais e não vai haver outra coisa além de 1 kg de pralinés Sprüngli que façam eu voltar a gostar de você!

E sim, antes que você pergunte, valeu a pena!

Os pralinés ao leite da Sprüngli valem quanto custam... o que é, tipo, ouro... mas abençoadas sejam as vaquinhas suíças e seus pastos verdejantes!

(Só para constar, o ao leite, feito com cerveja Weiss, ou seja, de trigo, é meu favorito... e não, os macarons que eles vendem não valem a pena... os bons macarons são estes. )

Fazer chocolate ao leite bem feito é pros fortes... e os Sprüngli são halterofilistas!

Mas ok, Zurich também tem paisagens agradáveis para serem vistas e um passeio ao longo do Rio Limmat é bem agradável.


Uma ponte sobre o Limmat.


A cor das folhagens no outono suíço é de tirar o fôlego.

Mas nosso destino era mesmo Chamonix, na França, de onde se pode subir ao Mont Blanc.

A cidade fica a 7 km da divisa com a Suíça.

Pegamos então a estrada, mas nem 10 km rodamos e já paramos.


Muito prazer, essa sou eu em minha melhor forma, ou seja,

com 16 kg de chocolates comprados na loja de fábrica da Lindt ainda nas sacolas...

e não nos quadris!

Sim.

Só 16 kg.

De volta à estrada, começamos a perceber que nossa viagem seria muito agradável, pois a paisagem suíça é belíssima.

Eu particularmente aprecio os picos nevados, provavelmente por serem tão diferentes da nossa própria paisagem.


Dirigindo e babando, não necessariamente nessa ordem.

Mas ao menos na Suíça eu não bati o carro... isso foi na França, em outra viagem, ou seja, outra história...

O nosso percurso duraria mais 3 horas se não fizéssemos outras paradas... mas não conseguimos.


Montreux estava no nosso caminho e nos atrasou.

Precisamos dar uma paradinha para dar uma olhada pelo menos por fora do famoso Chateaux de Chillon.

A imagem é do site www.myswitzerland.com

Até aqui tudo bem - não fugimos do roteiro.

Apenas sabíamos que se fizéssemos essas paradas chegaríamos ao nosso hotel já no escuro, o que não é uma coisa muito bacana quando não se conhece bem a região montanhosa onde se está... mas eu sou uma garota que curte uns riscos em nome do turismo!

Chegamos bem, comemos bem, dormimos bem e no dia seguinte visitamos o Mont Blanc.


Criança feliz deixando sua marca na neve do Mont Blanc.


Que vista tem esse moço, hein?

E então começou a nossa tarde memorável, que não estava no script – você entendeu que até aqui foi só a introdução do post?

Nosso roteiro dizia que deveríamos sair de Chamonix para irmos direto e reto até Gruyères – deveríamos visitar a pequena vila ainda nesse dia, dormir lá e partir no dia seguinte logo cedo para outra cidade e, assim, realizar o resto de nosso roteiro.

Mas o dia estava lindo.

E as estradas no caminho eram lindas.

Era impossível não parar e curtir.


Col-de-la-Forclaz, na Suíça,

onde paramos para fazer nosso piquenique de almoço,

com croissants ainda da França.

E se um dia vocês quiserem que eu cale a boca, eis uma sugestão de como fazê-lo!


Vallée du Rhône, na Suíça, onde paramos apenas porque achamos lindo.


E a cereja do bolo: Vevey.

Numa tarde ensolarada de outono,

caminhar por uma ou duas horas com uma vista dessas não tem preço.


E você estava se perguntando onde entrava o meu garfo favorito?

Acabou de encontrar a resposta.

Não. Vevey não era a cereja do bolo.

O garfo enterrado no meio do Lac Leman era a cereja do bolo!


Selfie de Chef deslumbrada.


Finalmente, a imagem que diz tudo: sim, sim, sim.

Às vezes é fundamental fugir do roteiro.

Agora você pode estar se perguntando: por que então você se esforça tanto para fazer um roteiro?

Eu devo fazer roteiros para mim?

Por que não devo simplesmente sair por aí curtindo o que for aparecendo?

Por que não devo me deixar surpreender a cada novo passo ao invés de ter tudo programadinho?

Porque a programação bem feita ainda é a melhor opção para que você tenha os melhores benefícios com relação à sua viagem.

Sempre.

E não é só opinião minha... eu comprei uma vez pelo Kindle (#amo e #recomendo) um livrinho muito cool do Ricardo Freire chamado “100 dicas para viajar melhor” (#recomendo também! Pretinho básico, sabe?).

O Ricardo para mim é um guru no ramo de viagens e respeito muito a opinião dele... você deve conhecê-lo do Viaje na Viagem e se não conhece, fica a indicação...

Enfim, sem nenhuma autorização, vou transcrever na íntegra e sem edição o pequeno capítulo 7 desse livro, que é todo no formato "perguntas e respostas".

"7. Planejar tudo minuciosamente não tira a graça da viagem? Para mim, o que tira a graça da viagem é acabar mal-instalado por não ter feito reserva com antecedência. Ficar zanzando uma hora pela zona de restaurantes sem conseguir escolher nenhum. Sair da cidade sem ter descoberto aonde os moradores vão

quando não querem encontrar turistas. Viagem planejada é viagem engessada? Não necessariamente. Todas aquelas informações pesquisadas e digeridas

vão ajudar você a identificar claramente – e com segurança – toda oportunidade em que seja melhor mudar a programação inicial. Vai por mim: quanto mais você planeja, mais facilmente faz descobertas sensacionais que não estavam nos planos."

Entende... não é só a opinião dessa palpiteira de plantão... é opinião “assinada embaixo” por ninguém menos que (ai meu Deus!), o Ricardo Freire.

Ou seja, mais do que nunca, de coração, sugiro a você: roteirize-se e então deixe-se deslumbrar!

Existem várias empresas no mercado que, inclusive, fazem roteiros personalizados, sabiam?

Das que contratei até hoje, minha favorita é a Cultuga, de um casal de brasileiros que vive em Portugal... recomendo... e boa melhor viagem!

Mas o que eu recomendo, de verdade, sabendo que às vezes é ótimo jogar a programação para o ar é: se você tiver tempo e disposição para isso, se familiarize com a sua programação de viagem ANTES de partir.

Além disso, toda noite antes de dormir (mais eficiente do que toda manhã antes de sair) leia a programação dos próximos 2 dias ou, ao menos, do dia seguinte.

Assim você vai saber:

- o que tem para ver/fazer, quando e onde;

- o que é compromisso agendado (mais difícil de ser realocado);

- o que você faz questão de ver ou nem tanto.

Com isso, caso imprevistos aconteçam – sejam eles bons ou maus, você saberá alterar o seu roteiro para o seu melhor aproveitamento.

Como eu conhecia profundamente meu roteiro, foi fácil refazer rapidamente tudo para que pudéssemos aproveitar essa tarde com esse passeio, mas tivemos que abrir mão de visitar Lucerna num outro dia.

Não se pode fazer tudo... avaliamos a situação e preferimos aproveitar aquilo que estávamos vivendo naquele momento.

Lucerna nos aguarda em outra oportunidade.

Mas a surpresa desse caminho lindo, nesse dia lindo... essa era A oportunidade.

E meu desejo sincero é que você aproveite todas as suas oportunidades, seja viajando ou no seu dia-a-dia.

Um grande abraço e até o próximo mês!

Et bisous, bien sûr!


O amor é uma sopa que eu tomo de garfo.

Jean Augusto

Uma viagem é uma aventura.

Henry Miller dizia que é muito mais importante descobrir uma igreja

que ninguém ouviu falar,

que ir a Roma e sentir-se obrigado a visitar a Capela Sistina,

com duzentos mil turistas gritando nos seus ouvidos.

Vá à capela Sistina, mas deixe-se perder pelas ruas,

andar pelos becos,

sentir a liberdade de estar procurando algo que não sabe o que é,

mas que – com toda certeza – irá encontrar e mudará a sua vida.

Paulo Coelho


Acompanhe mais das minhas viagens pelo Instagram @fouetefui e mais das ilustrações da Fernanda Campos pelo @confeitariadeconvites.


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