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Você já ouviu o chamado? Parte I

Pelas nossas queridas Valéria Chociai & Kelly Freitas


"Somos assim:

Sonhamos o voo, mas tememos a altura.

Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio.

Porque é só no vazio que o voo acontece.

O vazio é o espaço da liberdade,

a ausência de certezas.

Mas é isso o que tememos:

o não ter certezas.

Por isso trocamos o voo por gaiolas.

As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.”

F. Dostoiévski


Não, eu ainda não ouvi o chamado do Caminho de Santiago de Compostela, mas duas grandes amigas já.

Uma delas é a Kelly, uma dessas pessoas iluminadas que cruzam nossa vida e... ficam.

Eu sou gerente do restaurante La Pasta Gialla de Tamboré e há alguns vários anos a Kelly chegou a ele como cliente.


Ela não estava vestidinha exatamente assim quando nos conhecemos, mas essa é a Kelly.

Foi uma identificação imediata e a relação migrou do profissional para o pessoal rápida e naturalmente.

Quando conheci a família, então... quanto aconchego!

De mamãe, do papai, da melhor amiga, do marido que chegou nesse meio tempo, dos enteados e até das crianças de 4 patas!


Falta agora conhecer a netinha,

por quem já sou apaixonada desde que vi a primeira foto.

É ou não é uma princesa?

E porque estou contando tudo isso?

Porque a Kelly escreveu um livro-diário sobre sua jornada pelo Caminho de Santiago de Compostela em 2016 e nos permitiu compartilhá-lo com você aqui.

Então, se você tem curiosidade sobre o Caminho... ou já foi e quer matar as saudades... ou pretende ir um dia... essa sequência de postagens que começamos agora é para você.

Digo sequência porque vamos publicar o livro aos poucos... essa primeira parte vai da saída de sua casa no Brasil até Uhart-Cize, na França.

Vem comigo acompanhar o Caminho da Kelly?

Agora a palavra é toda dela.

40 ANOS EM 40 DIAS

– PELOS CAMINHOS DE SANTIAGO DE COMPOSTELA –

Kelly Freitas


Perto de completar 40 primaveras,

Kelly se embrenhou em uma viagem de 40 dias

pela primavera dos Caminhos de Santiago de Compostela.

Caminhada, desafios, obstáculos, reflexões,

encontros e despedidas

fazem parte deste relato da autora.


Dedico este singelo livro aos meus pais,

que tiveram a coragem de me fazer depois de doze anos de sossego.

Às minhas irmãs que sempre estão por perto segurando as pontas,

em especial a minha Benhazita,

que é uma mãe para mim.

Aos meus sobrinhos, enteados, primos,

amigos queridos e minha netinha que me acompanharam na jornada.

Aos meus “filhos de 4 patas”, Thor, Mel & Kira, que me enxergam como eu gostaria de ser.

E principalmente ao meu marido,

meu companheiro, porto seguro, amigo de todas as horas,

que me apoia e ajuda a realizar todos os meus sonhos.

Amo cada um de vocês.

O CAMINHO ME CHAMOU!

Há mais de 20 anos eu li um livro que me inspirou, desde então a vontade de ir era grande, mas por algum motivo ainda não era a hora.

Ano passado ele me chamou fortemente e desde então iniciei um processo de preparação.

Física deixei a desejar, mas psicologicamente me sentia preparada.

Me informei, comprei equipamentos aos poucos, errei alguns, perdi dinheiro, amaciei minha fiel e inseparável bota e agora era só esperar a hora.

E oito meses voaram como se fossem uma semana.

E quando faltava realmente uma semana, aí as borboletas já voavam dentro do meu estômago.

Já não tinha mais certeza de nada.

Olhava para meu marido, para meus pais, meu cachorro e para minhas meninas e já não sabia mais como me despedir deles.

Uma angústia tomou conta do meu coração e quando o dia chegou foi difícil demais!

O choro e as palavras de minha mãezinha, a voz embargada de meu pai, o olhar triste dos dogs e o olhar de ternura de meu amor fizeram um filme passar pela minha cabeça.

Então, lancei meu coração no caminho e meu corpo foi indo atrás!

Começou minha jornada!

O caminho para o aeroporto de Guarulhos nunca foi tão rápido.

Queria ter mais tempo ao lado do meu amor, mas logo chegamos ao destino.

Meu companheiro de viagem ficou no aeroporto e, como meu voo era muito mais tarde, fiquei algumas horas em um hotel próximo para descansar os últimos instantes.

Nunca estive tão atrapalhada com tão pouca bagagem.

Estou acostumada a viajar com várias malas, sacolas e roupas penduradas.

E como pode uma mochila, uma caixa com os bastões e uma cartucheira parecerem um mundo de bagagens?

Não conseguia me achar e até o fim ainda estava um pouco perdida para achar as coisas.

O voo para Madri correu bem.

Com a gripe que resolveu me pegar na véspera da viagem, tomei um antigripal e acordei em Madri.

Neste dia gastei R$ 180,00 com hotel, R$ 50,00 na embalagem da mala e R$ 37,50 com o jantar.

Em Madri, muita confusão ao chegar na Aduana.

Uma bagunça geral.

Demora de 1h20 para poder sair e pegar a caixa com bastões.


Levei um tempo para perceber que meu companheiro de viagem estava em outro terminal.

Encontrei-o após 30 minutos de espera no portão errado.

Pegamos um taxi para Estação Atocha que nos custou 30€ e dividimos pelos 3 peregrinos - eu, Gemba e Carol.

Chegamos em cima da hora à estação e mal tivemos tempo de aproveitar o local que pareceu ser bem interessante.


A Estação Atocha de Madrid.

Imagem de NH-Hotels.

Compramos um pacote para quatro pessoas com uma mesa.

Não conseguimos ninguém para rachar, então dividimos a despesa de 99€ por nós três mesmo.

Apesar de sermos três a Carol, uma peregrina amiga, tinha a certeza que estávamos com um amigo imaginário e até queria que alguém tirasse foto de nós quatro.

Era só piada a caminho de Pamplona.


Estátua principal de Pamplona.

Imagem do Pixabay.

Eu ainda estava anestesiada.

Não sabia bem como seriam os próximos dias.

Mas estava assim, levando e deixando ser levada pelo momento.

Escutando meu corpo e principalmente os sinais que tanto falo.

Uma sensação que nunca senti.

Sempre tive tudo planejado, tudo certo e alinhado.

Aqui tudo parece ter uma nova dimensão, o tempo parece funcionar de forma diferente, e eu também.

Na viagem de trem compramos lanches e eu escolhi um menu kids - misto quente, chocolate frio e um kit kat.

Comi meio lanche e salvei a metade para a janta.

Além disso, peguei uma água e um pacotinho de cookies e tudo ficou em 10,50€.

Chegamos a Pamplona às 20h48 e o Jose, o taxista amigo, já estava à nossa espera com um sorriso muito acolhedor.

Carol embarcou conosco e Jose nos levou para um passeio por Pamplona.

Mostrou-nos as ruas por onde passam os touros na Festa de São Firmino, que coincidentemente é no dia do meu aniversário.


Contou-nos como é a adrenalina de correr loucamente pelas ruas fugindo dos touros!

Depois fomos conhecer as muralhas de Pamplona, as universidades pública e particular.

Finalmente, nos levou ao shopping para comprarmos o chip telefônico da Vodafone.

Esta parte é bem importante, pois o chip da Vodafone não custa nada e só pagamos pelos créditos: 20€ por 100 minutos e 2 Gb de dados por 30 dias.

O celular pegou muito bem, mas na subida dos Pirineus o bom e velho chip da Vivo foi a salvação para falar com a família!

Após o city tour do Jose e a compra do chip fomos para o Albergue Jesús Y María, um albergue muito grande.


Só para se ter ideia, nossas camas eram 95, 97 e 111.

Foi uma correria danada, pois o albergue fecha às 23h e chegamos às 22h40.

Pagamos 11,50€ com café da manhã (delícia) ou se quiséssemos poderia ser sem café da manhã, 9€.

Aqui recebi o primeiro carimbo na credencial, mas ainda não era este o tão esperado.

Nos apressamos em achar as camas, pois às 23h as luzes se apagariam e seria o fim!

Mal estiquei o lençol descartável, estiquei o saco de dormir e levei a mochila para a lavanderia.

Os outros fizeram o mesmo, pois a maioria dos peregrinos já estava dormindo e não queríamos incomodar.

Na lavanderia separamos roupas para o banho e a roupa que usaríamos no dia seguinte, que já era nosso pijama.

Como havia máquinas de bebidas neste mesmo local, comprei um Colacao (achocolatado), bebi com o lanche que salvei do trem e corri tomar um banho.

Quando saí já estava tudo escuro, não tive tempo de pensar em nada.

Foi somente correr para meu beliche e dormir.

Mas o sono era impossível vir.

A cabeça a milhão ainda.

Todas as informações fervilhando.

As borboletas no estômago voando sem parar num zigue-zague frenético.

O teto do albergue parecia ter tanta história.

Ter visto tantos peregrinos, o barulho do ronco de mais de 120 pessoas, a falta total de privacidade e tantos outros pensamentos culminaram um uma única conclusão.

O desapego total de tudo.

Ainda fiquei acordada e a última vez que vi o relógio já passava das 02h30.

Abri os olhos mais umas vezes até que às 4h30 os primeiros peregrinos começaram a se preparar.

As 6h a grande maioria já estava acordada.

Eu aproveitei o ensejo, acordei e arrumei minha mochila para a jornada que se iniciaria, efetivamente, neste dia.

Às 7h30 estávamos os três peregrinos brasileiros tomando café no bar da frente do albergue, que estava incluso na tarifa.


Café com leite, suco de laranja e bolo branco, que era tão grande que salvei para comer mais tarde.

Jose não tardou a chegar e deixou a Carol no correio, onde nos despedimos e nos separamos.

Fomos até um banco onde consegui trocar as notas grandes de euros por notas menores.

Isto só foi possível porque eu era cliente do banco Santander no Brasil.

No outro banco que fui negaram a troca.

Partimos para Saint Jean Pied de Port (França), onde é o início do Caminho Francês.


Paramos apenas para comprar um cabo carregador do meu celular, pois o genérico que eu levei quebrou no primeiro dia.

Jose nos levou para vermos alguns lugares na pequena Saint Jean Pied de Port (SJPP) e logo nos levou à Associação, onde encontramos Viviane, a brasileira que conheci na ACACS.


A pequena SJPP.

Imagem do site Franceinfo.

Ela trouxe consigo Tamara, brasileira que encontrou em SJPP.

Após este encontro a emoção veio à tona quando entrei na Associação e recebi as informações oficiais e o carimbo do início do Caminho.


Almoçamos os quatro juntos o Menu do Peregrino.

Os gastos ficaram em 30€ de taxi, que dividimos ficando 10€ para cada.

Trem Madri-Pamplona, 99€ que dividimos, ficando 33€ para cada um.

Menu do Peregrino, 15€.

Iniciamos às 13h30 o primeiro trecho, de SJPP ao Kayola.


Foram 7 km de subida hiper, mega, blaster, plus, master íngreme.

Levamos 4h00 para fazer este trecho, andando em ritmo não muito puxado.

Devo dizer que neste trecho pensei muito em minha família.

Sentia as orações de cada um.

Era o que me movia, o que me fazia ir adiante.

A Mão de Deus eu senti várias vezes me ajudando a seguir.

A subida é muito dura, muito mesmo.




Nos faz refletir e fazer um paralelo com nossas dificuldades, como agimos, o que esperamos e como sairemos da enrascada.

E assim foi o tempo todo.

Sentindo as vibrações positivas vindas daqueles que realmente me amam.

Por algumas vezes via os olhares daqueles que riram de mim e que queriam me desencorajar, mas não ganhavam força.

Meu Deus e o amor dos meus era infinitamente maior.

Enfim, chegamos ao Kayola, mas no portão, que estava trancado, havia a inscrição "camping interdit” e ninguém para atender.


Ouvíamos vozes, mas ninguém aparecia.

Então um senhor que estava com sua esposa passeando de carro parou no portão, no meio do nada, para nos ajudar.

Ele achou que o lugar não deveria ser aquele que procurávamos e pediu para que continuássemos a subir devagar, que ele iria até o Albergue Orisson verificar onde ficava o refúgio Kayola e voltaria para nos avisar.

Subimos um pouco, apenas um pouco mais, até que o senhor retornou com o carro para nos informar que o local era aquele mesmo.

Agradecemos muito o simpático casal e retornamos.

Eu e Gemba para o Kayola e a Vivi e Tamara foram para o Orisson.

Abrimos o portão e fomos até o fundo, onde encontramos um grupo de cinco franceses e uma porto-riquenha.

Todos eram peregrinos, não havia ninguém para controlar.

Éramos nós por nós mesmos.

Era um casebre simples, mas muito limpo e aconchegante, com uma pequena cozinha equipada com tudo, inclusive fogão, geladeira, micro-ondas e uma máquina de café e chocolate (era só pagar e ter chocolate quente, café e chá!).


Uma mesa ao centro com bancos e uma lareira que aquecia a casa e secava as roupas que se aglomeravam em varais improvisados.

Como já não havia mais espaço, nossas roupas foram penduradas em nossos cajados.


No piso de baixo, além deste espaço, havia um banheiro misto e um quarto onde mais tarde uma moça apareceu e dormiu sozinha.

No mezanino, 3 beliches e 4 camas de solteiro.


Tratamos de arranjar duas camas e já marcamos com nosso saco de dormir, sinal entre peregrinos de que aquela cama já tem dono!

Tomamos banho e o grupo de franceses saiu para jantar no Orisson.

Ficamos eu, Gemba e a Maria (Nany como gostava de ser chamada).

Ficamos fazendo nossas coisas em silêncio, quando de repente um tufão entrou na casa.

Era um italiano atrapalhado e tosco.

Perguntou como funcionava o albergue, explicamos e ele arrumou um canto, tomou banho e foi para o Orisson também.

Um pouco mais tarde uma mocinha educada do Orisson veio verificar se estávamos bem e se queríamos agendar o café da manhã.

Compramos os tíquetes para o café que nos custou 5€ por pessoa e o albergue custou 15€.

(Deve ser reservado com dois meses de antecedência para garantir seu lugar).

Jantamos ali mesmo, cada um preparou algo e eu optei por uma sopa Vono que levei do Brasil.

Estava quentinha e logo depois, cama.

Mesmo com a turma francesa barulhenta foi uma noite ótima.

Eles eram animados e educados.

No dia seguinte, acordamos às 5h40, nos arrumamos para sair e encontrar as meninas no Orisson para o petit dejeunèr.


E por hoje paramos o livro por aqui.

No mês que vem a gente traz a Kelly para contar sobre mais um trechinho da peregrinação – do Albergue Orisson até o Alto do Perdão.

Entretanto, uma última coisa... perguntas e respostas com a Kelly!!!

A cada texto vou fazer algumas perguntas relacionadas ao trecho em específico... para sanar minhas curiosidades e talvez as suas também!

Eu: O que você fez para se preparar para o Caminho?

Kelly: Para me preparar eu comecei a ler muito, saber como era cada trecho, comprar os equipamentos e, principalmente, me afiliei à ACACS (acacs-sp@santiago.org.br).

Lá fiz um curso de espanhol mega básico, mas totalmente voltado para o dia a dia do peregrino.

O professor, Jorge Cáceres, além de professor de espanhol, já fez milhões de vezes o Caminho e dá muitas dicas valiosas.

Além disso, os alunos do curso trocam muitas informações.

Essa é uma das partes mais importantes... afiliar-se, pegar sua credencial aqui no Brasil, fazer um curso básico de espanhol (de preferência este) e trocar informações.

Fisicamente, eu andei poucas vezes.

Eu estava mais preparada psicologicamente.

Eu: O que você não fez, mas recomenda que as pessoas interessadas em percorrer o Caminho façam?

Kelly: Recomendo que as pessoas pesquisem muito sobre equipamentos.

Mochila - se ela for a errada para você, isso será péssimo no caminho.

Vai te arrebentar durante e, principalmente, depois do fim.

Meu amigo Gemba teve que fazer cirurgia depois que voltou.

E pesquisem sobre botas... não usem qualquer calçado.

Seus pés precisam de conforto.

Eu: Existe algo que você não recomende?

Kelly: Uma coisa que acho que as pessoas não podem fazer é se deixar influenciar pelas pessoas que são pessimistas e logo falam coisas como:

Nossa, vai mesmo fazer isso?!

Aiii, acho que você não vai dar conta!

É muito difícil!

Você acha que tem preparo pra isso?

Já vi tanta coisa ruim nesse caminho!

Morre gente, sabia!

Olha, é tanta desgraça que as pessoas gostam de falar que vou te contar! (risos)

Eu ouvi tudo isso e mais um pouco.

Eu: Quem é o GEMBA, que você cita várias vezes?

Kelly: Gemba é João Carlos Gembarowski, meu amigo morador de Campo Largo, no Paraná.

Meu padrinho de casamento.

Ele foi a pessoa que convidei para ir comigo.

Minha família estava com medo de eu ir sozinha e aí pensei no Gemba e ele aceitou, tranquilizando todos em casa.

Eu: O que é o “taxista-amigo” que você cita? É algo comum do Caminho ou apenas um apelido que você deu ao Jose?

Kelly: Eu dei este nome ao Jose.

Ele foi meu amigo desde sempre.

Peguei o contato dele na ACACS, aqui no Brasil, em um cartãozinho.

Troquei WhatsApp com ele e ele sempre me deu altas dicas e me ajudou demais.

Saudades infinitas do Jose.

Gente boníssima, casado com Natália, uma brasileira que tem um albergue no Caminho.

Eu: Kelly, por que você escreveu o livro?

Kelly: Fiz este livro, pois queria registrar meus dias para que minha família pudesse saber o que vivi em detalhes.

Todas as noites eu escrevia no bloco de notas do meu celular... este livro foi integralmente escrito no bloco de notas.

Quando cheguei, resolvi imprimir alguns e dar a todos que me acompanharam, como forma de agradecer por todas as orações...

Eu paro por aqui, toda saltitante por ter ganhado um desses livros, mas não sem antes deixar o contato generoso da Kelly: kellyfr@me.com e agradecer à Fernanda, da Confeitaria de Convites, por novamente ter ilustrado a abertura do nosso texto.

Um grande abraço e até o próximo mês!

Buen camino!


A cada dia o peregrino de Compostela

tem obstáculos novos a vencer,

pois o Caminho é o espelho de sua vida.

Domingos de Gouveia Rodrigues


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