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Decanter nele?!



Pergunta recorrente nos cursos, exposições e bate-papos que participo: Mas Eliza, quando devo usar aquela “garrafa de formato engraçado”? Se a resposta fosse matemática, uma passadinha no Dr. Google e todo mundo já a saberia, não é mesmo? Mas vamos juntos tentar entender, na prática, a utilidade do famoso decanter!

O nome “decanter” é francês. E na França, existem dois termos que designam as duas finalidades distintas da “decantação”: “carafage” e “decantation”.

A “decantation” consiste na separação da “borra” do vinho do vinho. É um verdadeiro ritual preciso e é executado pelo sommelier nos restaurantes quando o mesmo identifica a presença de depósitos sólidos dentro da garrafa, as chamadas borras. Será que você já as viu? Já teve a infelicidade de prová-las?

Com o passar dos anos, taninos e moléculas colorantes se aglutinam, formando um sedimento visível e amargo. No entanto, para evitar que ela acabe nas taças dos seus convidados, você precisará de um pouco de conhecimento prévio do vinho, planejamento e de muita delicadeza. Falaremos desse assunto em outra oportunidade, combinado?

Já a “carafage” nada mais é do que a aeração do vinho. Mas porque a gente quer aerar um vinho?

 

Vinhos visivelmente jovens e vinhos feitos para durar longos anos se beneficiam, e muito, de uma chacoalhada com o oxigênio. Isso porque ele age nas diferentes moléculas químicas do vinho, oxidando-as e tornando todo o conjunto mais apetitoso.

 

Mas atenção: existem limites!

Vinhos já velhos, mesmo que feitos para durar muitos anos, podem até se beneficiar da exposição ao oxigênio, no entanto, tendem a “morrer” na sequência.

Vinhos muito novos, quando feitos para durar muitos anos, não se beneficiam o suficiente, continuando muito jovens, mesmo após horas e horas de decantação.

Mas como eu sei, afinal, que o vinho é muito velho? A coloração “vermelho tijolo” nos vinhos tintos indica que o vinho já é um senhor e decantá-lo é arriscado. A opinião de um especialista é muito bem vinda nesses casos!

E como eu sei que o meu vinho foi feito para durar muito e ainda está muito novo (de preferência antes de abri-lo!)? O maior indicativo está no rótulo. Apelação, safra, casta, tempo de estágio, valor de mercado, etc, são informações valiosas. E Dr. Google sempre pode ajudar! Na dúvida, consulte aquele seu amigo ou amiga que ama vinho, seu sommelier predileto (eu!eu!eu!), ou o próprio produtor do vinho.

Agora um detalhe muito importante: vinho não é matemática. Mesmo o seu amigo entendido, erra! Confesso que eu já errei muito feio! Imagine que eu havia selecionado um vinho italiano 100% Nebiollo para uma degustação. Eu já conhecia o estilo, pois o havia provado, alguns meses antes e havia me encantado com aquele rótulo. Como a safra disponível no momento não era mais a mesma, imaginei que 10 horas no decanter seriam suficientes para deixá-lo incrível como o que eu havia degustado. Bom, isso não ocorreu. Falta de experiência? Na ocasião até consultei o produtor em busca de uma opinião certeira. Infelizmente, nós erramos. O vinho entrou e saiu do decanter sem nenhuma expressão aromática, com os taninos duros e a acidez gritante. Então fica a dica mais importante de hoje!

Você abriu aquela garrafa de vinho cara, colocou um pouco na taça e foi uma grande decepção? Cadê o aroma? Nossa como ele é ácido! E tânico? Calma, não pragueje contra o seu sommelier favorito ainda! Esta parece ser uma ótima oportunidade para você fazer aquele charme: "Pareceu-me que esse vinho precisa respirar um pouco no decanter! O que vocês acham?"

 

Quer testar na prática? O nosso destaque de janeiro foi um português, Douro Reserva, que muda completamente após uma passadinha pelo decanter! Talvez você ainda possa encomendá-lo por um preço muito especial, direto com o importador. Acesse a página deste vinho para saber mais!


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