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Qual o seu estilo de viajar?

Pela nossa querida Valéria Chociai


"Não existe amor mais sincero

do que aquele

pela comida.”

George Bernard Shaw

Qual é o seu estilo de viajar?

Eis aí uma pergunta que eu NÃO ouço constantemente, mas deveria.

Por quê?

Porque meio sem querer virei referência de viagem para algumas pessoas... mas o interessante é que essas mesmas pessoas não são como eu... e às vezes embarcar nas minhas aventuras não significa que vai dar certo para elas... e isso parece super simples e básico, mas não é.

Definitivamente, infelizmente, não é.

Então vamos começar essa conversa contando como as viagens passaram a fazer parte mais intensa, por assim dizer, da minha vida... e junto com isso vou contar como eu viajo.

Em resumo, sou do tipo “economize tudo o que puder com hospedagem para gastar tudo o que puder com comida”.

Mas isso seria simplificar demais.

Sou do tipo que planeja – por exemplo, se eu for para Holanda, tenho que estar lá no dia em que o Bloemencorso passa pelo Keukenhof.

E vou estar no lugar certo, na hora certa, claro!

E só para constar, já fiz isso e não recomendo... mas eu PRECISAVA fazer para ser feliz!


Tulipa Cracker Parrot, a minha preferida do parque Keukenhof em Lisse, Holanda.

E foi com essa coisa de super planejar que tudo começou.

Eu planejo o que fica perto do que... que dia e que horas as coisas funcionam... o que tem para ver no lugar, o que vou comer lá e quanto custa... que transporte eu pego de um local para outro e onde...

E, mais importante: tudo dentro dos meus gostos próprios.

Usando a Holanda mais uma vez como exemplo, em Amsterdam eu não visitei a Anne Frank Huis, um dos pontos turísticos mais importantes da cidade... por quê?

Porque estava viajando para relaxar e não para ficar deprimida, o que, me conhecendo, eu tinha certeza que ia acontecer.

Não significa que eu não goste de museu.

Não significa que eu não respeite o valor da contribuição de Anne Frank para a história.

Não significa que sou fútil.

Não significa NADA a não ser que eu não estava a fim naquele momento.

E tudo bem.

Aliás, deixa eu aproveitar o insight para pedir que você reflita sobre o texto abaixo e o quanto ele faz ou não sentido para você...

Evite os museus.

O conselho pode parecer absurdo,

mas vamos refletir um pouco juntos:

se você está numa cidade estrangeira,

não é muito mais interessante ir em busca do presente que do passado?

Acontece que as pessoas sentem-se obrigadas a ir a museus,

porque aprenderam desde pequeninas que viajar é buscar este tipo de cultura.

É claro que museus são importantes,

mas exigem tempo e objetividade –

você precisa saber o que deseja ver ali,

ou vai sair com a impressão de que viu uma porção de coisas fundamentais para a sua vida,

mas não se lembra quais são.

Paulo Coelho

Eu?

Eu não resisto a um bom museu... mas minha cota é no máximo um museu por dia... e no máximo 3 horas dentro dele.

E sabendo o que eu vou ver lá e onde está (qual andar, qual sala...).


Feliz por reencontrar Louis Comfort Tiffany no MET-NY

Além de super planejar e só colocar coisas que super têm a ver comigo e com o meu momento, eu ainda tento descobrir coisinhas legais “fora dos guias” e dicas valiosas através de contato com moradores, viajantes assíduos para o destino e talz... no fim, tenho um roteiro totalmente personalizado.

Daí que meus amigos começaram a curtir meus roteiros e começaram a pedir para eu fazer os roteiros deles... e se eu não tivesse que abdicar da minha vida social, das minhas próprias viagens, da minha família, da minha cachorra e da minha sanidade (se bem que... sanidade é algo da qual eu já abdiquei lá na hora de escolher os DNA...) isso teria até virado um negócio paralelo ao meu ganha-pão!

Nessas de fazer os roteiros dos amigos essa questão do estilo de viajar surgiu muito claramente... porque não bastava pegar meu roteiro de 16 dias em Paris e falar “taí, faz”... porque a pessoa que vai passar 4 dias na cidade e ama museu vai curtir Paris de um jeito completamente diferente de quem vai passar os mesmos 4 dias e gosta mesmo é de compras e ar livre!

Só que a maioria das pessoas não se dá conta disso quando vai montar a sua própria viagem... e fica fazendo aqueles passeios super recomendados pelos guias e pelos blogs sem nem pensar “Será que eu vou gostar disso? Será que isso tem a ver comigo? Será que isso tem a ver com meu momento?”.

Então vou continuar contando para vocês um pouquinho mais sobre o meu estilo de viajar, para que você talvez pense mais no seu... enquanto eu conto de mim, desenvolva uma conversa mental do tipo “ah, Valéria, se fosse eu, faria assim”... certeza de que você vai acabar descobrindo alguma coisa proveitosa sobre si no meio desse caminho que não tem certo ou errado... só tem você e o seu mais profundo desejo em fazer a coisa certa para se agradar.

Bom, vamos lá...

Ainda, sobre planejamento, depois que decido o local para onde vou, como norte da França, ou Bélgica ou seja lá qual for, primeiro descubro o que tem de bom para comer e onde... e então vou descobrindo quais as outras coisas interessantes para fazer ao redor das comidas boas... sim... eu viajo para comer... se tem um museu bacana ao lado daquela padaria top, hey, que sorte a minha!


Que tal ficar uma semana numa cidadezinha de aproximadamente 150 habitantes

só porque “o” açougueiro vive ali?

Ti presento il macellaio Dario Cecchini.

Imagem do site braciamiancora.com

E gosto de ficar muito tempo no mesmo lugar.

Mais exemplos aqui: nada de 3 ou 4 dias em Paris.

Paris pede 15 dias no mínimo.

Se tenho 30 dias de férias, não vou conhecer 10 países.

Vou para a Toscana e não para a Itália toda.

Gosto de conhecer as coisas mais profundamente do que conhecer muitas coisas e ficar com a sensação de que não conheci nada, de que só corri atrás do relógio – até porque eu ainda assim acabo correndo atrás do relógio!

Tanta coisa nesse mundo para se ver, não gente?

E, veja bem, eu não critico quem goste de viajar assim... é só que eu simplesmente não consigo ser assim... é do meu tipo que estou falando.


Acredito que quanto mais a gente fica num mesmo lugar,

mais encantos conseguem cruzar o nosso caminho.

Eremo Le Celle em Cortona, Toscana...

Não, não estivemos Sob o Sol da Toscana na cidade de Frances Mayes... choveu!

Ah, meu tipo hoje viaja 30 dias por ano, pelo menos – é o que eu tenho de férias regulamentares, então é o que eu passo viajando... trabalho num restaurante e uma das dores disso é que o ramo não me permite viajar em feriados... sniffff... então sobram mesmo só as férias para viajar.

E não, não sou rica.

Mas todo o dinheiro que eu ganho, basicamente é para viajar!

É só uma questão de prioridades.

Meu tipo também gosta de dar nome às viagens... na Suíça: “Em busca do chocolate perfeito!”, na Bélgica: “Em busca da cerveja perfeita!”, na França: “Em busca do pato perfeito!” e também “Em busca do chocolate perfeito!” e “Em busca do croissant perfeito!” e por aí vai... aliás, quer saber mais sobre o croissant perfeito?

Que mais... deixa eu ver... ah, bagagem!!!

Sou do tipo que embarca com no máximo 10 kg de bagagem – não gosto de ficar pensando que roupa vou usar... tenho meu uniforme “calça jeans - camiseta preta - bota preta” que não tiro do corpo e está de bom tamanho.

E daí que estou com a mesma roupa em todas as fotos?


Abrindo uma exceção ao “uniforme”.

Durante essa viagem comprei uma blusa vermelha, só porque era de Dario Cecchini,

um açougueiro super hiper mega top... aquele que você viu logo ali em cima...

ou seja, não tinha a ver com roupa, tinha a ver com comida!

E sou do tipo que dá um jeito de ficar sempre com o cabelo preso, para não ter que perder tempo em arrumar o cabelo de manhã.

Acordei?

Quero estar na rua!

Isso inclui não usar maquiagem e nem acessórios... no máximo protetor solar e batom vermelho para ficar linduxa nas selfies!

Também sou do tipo que tem um checklist para montar a mala e venho aperfeiçoando esse lindinho ano a ano para que cada vez fique mais simples e prático.


Mãe, tem certeza de que seu checklist está completo mesmo?

Porque eu ainda estou fora da mala, sabe?

Mas sou do tipo que volta com todo o limite de bagagem usado – adoro comprar uma tranqueira!

Estou adorando essa diminuição no peso das bagagens de 32 para 23 kg... minha conta bancária vai agradecer horrores!


Voltando de 15 dias de viagem...

Eu coleciono canecas, copos, xícaras e afins... para você ter uma ideia, moro num apErtamento de 45 m² e tenho umas 800 canecas... chamo tudo de caneca, ok?

Tem mais caneca do que espaço para mim!

Qualquer dia as canecas me expulsam, mas enquanto isso não acontecer, vou comprando que nem uma doida... não resisto!


Algumas aquisições da minha viagem à Bélgica e Suíça...

E coisinhas gourmet... vinhos, cervejas, temperos e chocolate também... adoro uma lodjinha-delicatessen!

Roupa?

Nem pensar!

Exceção se for assinada por um Chef por quem eu sou apaixonada...

Outlet?

Também não faz parte do meu show...

Que mais... que mais... ah, sou do tipo que sempre procura uma pet shop para trazer um presentinho para minha filhota... e também gosto de trazer presentes para as pessoas que eu gosto... ok... tem gente que acha que é cafona, ultrapassado e tal, mas eu não estou nem aí... gosto de dar presentes e ponto final.

Ah, trem é uma beleza, não?

Pois então... praticamente não uso mais.

Usava quando viajava sozinha, mas agora que viajo com mais uma ou duas pessoas, prefiro carro.

Gosto da liberdade que o carro me dá.

Sem falar que com o tanto de bagagem que vou juntando durante a viagem, trem seria um caos.

Trem é para quem viaja com mochila nas costas ou no máximo uma mala tamanho M de boas rodas – nem uma mala tamanho G é uma boa pedida.

Então também pode-se ver que sou do tipo que já mudou de tipo uma vez e que pode mudar de tipo novamente – quem disse que sou do tipo definível?


Eu, meu uniforme de viagem

e a liberdade de parar para fotografar o que eu quiser no meio do caminho!

Ou de ser fotografada por mammys!

Também sou do tipo que gosta de viajar com todos os ingressos comprados com antecedência para pular todas as filas possíveis... e não deixo de visitar as atrações mais significativas que tenham a ver com o meu perfil apesar do preço delas... você atravessa o mundo e vai ficar de cara amarrada porque tem que pagar para ver, sei lá, o David de Michelangelo, por exemplo?


“O” David.

Por favor, se for a Firenze, veja esse David, da Galleria dell´Accademia, antes dos “outros”.

Você vai me agradecer por essa dica.

E se quiser mais dicas de Firenze, olha esse post aqui.

Imagem do site turismo.intoscana.it

E então, finalmente, sou do tipo que economiza tudo o que pode com hospedagem para gastar o máximo que puder com comida, como comecei falando lááá em cima.

Porque eu acordo cedo, passo o dia na rua e volto quebrada para o meu local de hospedagem.

Só o que preciso é tomar banho e dormir.

Não uso o local para nada além disso... então se tiver chuveiro e cama, está lindo!

Procuro sempre as opções mais baratas possíveis mesmo – geralmente quartos através do AirBnB.

E depois, vou almoçar num restaurante com 3 estrelas no Guia Michelin.

O maitre não precisa saber que estou compartilhando o banheiro com mais 3 turistas, o dono da casa e seu gato!

Se bem que olhando para minha calça jeans e minha bota... bem, ele deve desconfiar, mas é elegante demais para me tratar com desrespeito e minha refeição é divina de qualquer forma!

Gastar 150 euros em hospedagem?

Nunca!

Gastar 150 euros em uma refeição?

Fácil!


Estamos em Les Crayères, em Reims, na região de Champagne na França.

Ali dentro tem um hotel e um restaurante com estrelinhas no Michelin.

Você acha que eu vim até aqui pelo hotel ou pelo restaurante?

E você?

Qual o seu estilo de viajar?

Essa é uma resposta que eu realmente acho que você precisa ter na ponta da língua quando for pensar até em “para onde ir”, pois SEU roteiro não vai ser baseado no modo como eu viajo, no modo como o blogueiro pimpão x, y ou z viaja... mas sim na maneira como VOCÊ gosta de viajar.

Para me ajudar a fazer os roteiros dos meus amigos, eu montei um questionário para eles me responderem... eu recomendava sempre sentar com uma garrafa de um bom vinho, um jazz e talz... e, bem, vou colocar o tal questionário aqui embaixo... quem sabe você acha interessante responder também para organizar sua primeira, segunda ou décima viagem com mais sucesso...

1. Qual o destino da viagem? Se não sabe o destino, pare tudo e vá descobrir primeiro para onde você quer ir!!!

2. Você já tem a passagem comprada? Se sim, qual a data? Se não, qual a data pretendida? Costuma ter algum furacão, nevasca, tempestade ou algo do tipo passando pelo seu destino na época pretendida? Porque se costuma, recomendo rever o destino...

3. Você e/ou seu grupo já conhecem o destino? Se sim, por favor, me contem por que querem voltar, o que gostariam de rever ou não.

4. Quem vai viajar e qual a idade de cada um?

5. Alguma dessas pessoas tem alguma deficiência ou necessidade especial?

6. O que você espera da viagem? Por favor, escreva o máximo possível. Por exemplo, uma viagem em que o objetivo principal é conhecer um local é bem diferente de uma viagem em que o objetivo é relaxar. E, por gentileza, responda sempre pensando em todos os viajantes do grupo... todo mundo quer voltar se amando quando a viagem terminar, certo?

7. Qual a duração da viagem?

8. O que você não gosta ou não gostaria de fazer de jeito nenhum?

9. Considerando o seu destino, existe algo que você já saiba que gostaria de fazer lá?

10. Considerando o seu destino, existe algo que você já saiba que não gostaria de fazer lá?

11. Você gosta de caminhar?

12. Pode caminhar por longas distâncias?

13. Prefere utilizar transporte público ou táxi e/ou carro alugado?

14. Gostaria de ter um guia local acompanhando em alguma atividade?

15. Para os passeios em que realmente não há outro jeito a não ser fazendo-os à pé, você se sente confortável guiando-se com aplicativos para smartphone como Google Maps ou prefere guias impressos?

16. Qual o horário em que você gosta de acordar e se deitar durante a viagem?

17. Prefere sair do seu local de hospedagem pela manhã e só voltar no fim do dia, ou gostaria de voltar ao longo do dia e depois sair novamente?

18. Você gostaria de indicações de restaurantes? Se sim, de qual estilo?

( ) padarias

( ) docerias/sorveterias e afins

( ) lanchonetes e locais similares, onde eu possa fazer refeições rápidas

( ) restaurantes baratos

( ) restaurantes com valor médio (boa relação entre custo e benefício)

( ) restaurantes finos

( ) enotecas

( ) cervejarias

19. Você gostaria de experimentar a cozinha típica do seu destino de viagem, ou prefere a cozinha internacional clássica?

20. Tem alguma restrição alimentar?

21. Fala algum idioma além do português? Com que fluência?

22. Com quantas malas você costuma embarcar e qual o peso delas? E com quantas malas costuma voltar e qual o peso delas? Se não tiver as informações precisas, por favor, me dê pelo menos uma estimativa – isso me ajuda na sugestão dos meios de transporte para os momentos em que você estiver com sua bagagem.

23. Tem mais alguma coisa que julgue importante me dizer?

24. Qual seu maior receio durante uma viagem?

25. Qual a coisa mais legal de uma viagem?

Essa jornada de autoconhecimento será uma parte deliciosa de sua viagem!

E se você não souber seu estilo de viajar?

Não se preocupe – provavelmente você vai quebrar a cara um pouquinho mais quando viajar... mas e daí?

Viajar é bom demais de qualquer jeito!!!

Cheers! Tim-Tim! Prosit! Salut!

Et bisous!

Travel far enough you meet yourself.

David Mitchel


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